quarta-feira, 27 de maio de 2020

Balada dos afogados

Eram irmãos gêmeos, os rapazes 
E foi isso que mais impressionou
na tragédia da noite estrelada
quando um deles no rio se atirou

Tudo por causa de uma mulher
uma leviana que o rapaz amou
E ele bebeu o quanto pôde
no dia em que ela o abandonou

Ao ver o irmão no rio se jogar
seu gêmeo, aflito, pulou logo atrás
sem conseguir a vida do outro salvar

Levados foram pela correnteza
morreram juntos como nasceram
afogados na dúvida e na certeza

domingo, 29 de junho de 2014

Balada romântica

Meus olhos te adoram
Quando caminhas pela rua
Eles quase te devoram
Desejando tua carne crua

Meus olhos perdem o rumo
Se você aparece na esquina
O mundo até fica sem prumo
E tudo isso me fascina

Teu sorriso, uma miragem
Teu andar, um bicho selvagem
Teu cabelo, alta voltagem

Nem sei mais o que fazer
Pois tudo que tenho a dizer
É que meus olhos adoram você

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Lamento

Saciei tua bruta sede
com meu sangue derramado
refletindo na parede
o teu corpo desnudado

Agora só me resta o abandono
e a saudade de quem partiu
Sou um triste cão sem dono
que do seu dono fugiu

Esperança já não me resta
Dessa vida que não presta
Pois o amor a mim detesta

De chorar nem tenho medo
De sofrer não tenho zelo
De viver, nenhum desvelo

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Houve mares depois de lá

Houve mares depois de lá
Do beijo roubado na estação
E agora que estou do lado de cá
Só lembro do ardor da sofreguidão

Onde anda aquela boca?
Eu me pergunto todo dia
E a tua voz tão rouca
Que me atiça a nostalgia

A vida dura preferiu nos separar
Distância de tempo, espaço e lugar
Mas o desejo está sempre a brotar

Paris é incrível e nos parece tão distante
Mas o que se apresenta mais constante
É a imensa saudade daquele instante

Na época dos caquis

Foi na época dos caquis a primeira vez que ele a viu
Na varanda do hotel onde certa vez dormiu
Mas só soube que era amor depois que ela partiu
Por que, da sua lembrança, ela nunca mais saiu

Era apenas um menino no dia que aconteceu
Ele mordia um caqui quando esse amor nasceu
E a linda moça que em seu coração viveu
Deixou saudade imensa que em seu peito doeu

Tanto tempo se passou depois daquele dia
E nunca mais soube da moça que lhe sorria
Daquela varanda que para sempre ficou vazia

O menino agora é aquele velho ali
Andando solitário nas ruas de Parati
Para quem o amor tem gosto de caqui